Pantera Negra: Wakanda para Sempre
Pantera Negra: Wakanda Forever demonstra ter ótimas ideias, mas visivelmente falha na confecção das mesmas.
Tudo que envolve Wakanda sempre trouxe poder, força e uma cultura muito rica e mística. O primeiro Pantera Negra se mostrou eficiente em todos as áreas que tocou. O mesmo não pode-se dizer de sua continuação. Pantegra Negra: Wakanda Para Sempre já prometia ser um grande evento por si só. Já se esperava que ele estendesse o manto de profundidade e importância que seu antecessor trouxe ao Universo Marvel. Após o trágico anúncio da morte do seu ator protagonista Chadwick Boseman, a produção se encheu de expectativa para uma homenagem histórica ao intérprete.
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De fato, o filme acerta o alvo em cheio nas homenagens a Chadwick e a T’Challa, sendo na medida certa e ainda perdurando levemente sobre o filme inteiro, principalmente – logicamente – no que concerne a Shuri – Letitia Wright.
TRAMA
Na trama, com a morte do rei T’Challa, aparentemente o mundo inteiro crê que Wakanda não tem mais forças para proteger seu metal Vibranium de todas as nações. Porém, a mãe do T’Challa e atual líder da nação deixa muito claro o quanto Wakanda permanece forte. Sua intérprete Angela Bassett rouba o filme para si ao engrandece-lo como o roteiro requer e pode facilmente ser indicada a Melhor Atriz Coadjuvante no Oscar. Talvez apenas o número reduzido de suas aparições atrapalhe os olhos da Academia.
Na tentativa de se achar Vibranium no fundo do mar, as nações da superfície acabam incomodando o reino subaquático de Talocan, que é derivado dos astecas. Com isso, seu rei Namor (Tenoch Huerta) decide fazer uma proposta para Wakanda. Ajuda-los a enfrentar o mundo da superfície afim de proteger as riquezas e cultura de ambos os povos.
Assim como no primeiro filme da saga, é fácil entender as razões das ações de seus vilões e é interessante o modo como Namor e Talocan são apresentados. É nítido o esforço de Tenoch de fazer um bom trabalho com seu personagem, colocando a intensidade necessária na atuação. Talocan preferiu ir mais para o lado da lógica do que do espetáculo. É um reino escuro por ser submerso e as luzes são quase naturais. A população de um reino submerso que não inventasse novas formas de iluminação acostumaria os olhos a enxergar com pouca luz. É um grande contraste com a maravilha de cores e tecnologia que vemos na Atlântida da DC.
LONGA DURAÇÃO
A longa duração do filme é justificada e não apresenta barriga. Porém, a cada minuto ele decai em vários aspectos. Sendo assim, os dramas que aparecem além da morte de seu antigo protagonista não convencem e os acontecimentos grandiosos não justificam seus prévios desenrolares. E isso se manifesta até mesmo no trabalho de Letitia Wright que, apesar do carisma natural, não consegue segurar para si o protagonismo e sua atuação é pouco convincente, o que diminui o valor dos momentos em que Shuri cresce como personagem. A sua “jornada de herói” está ali, o que faltou mesmo foi organizar o tempo para que cada acontecimento se desenrolasse.
Por exemplo: a personagem passa por muitos traumas ao longo da produção, mas a “missão” que lhe é apresentada acaba eclipsando os momentos em que o drama deveria ser melhor trabalhado. Esta missão envolve a Riri Williams – Dominique Thorne – como Coração de Ferro. E seu personagem é muito desinteressante e não nos motiva a acompanhar sua evolução em sua futura série solo no Marvel Studios.
Mesmo não quebrando o ritmo do filme, a ligação da Valentina de Julia Louis-Dreyfus e o Everett Ross de Martin Freeman com o arco principal vai de nada a lugar nenhum No geral, Shuri, Ramonda, e Okoye – Danai Gurira – conseguem parecer que estão se esforçando para manter firme os alicerces que o antigo rei deixou e suas intérpretes dão tudo de si. Talvez o problema mesmo seja uma maior organização de roteiro que deixasse suas participações melhor aproveitadas.
Em suma
As cenas de ação são fracas e o final é pouco criativo. Então, quando o filme termina, resta apenas pensamentos que imaginam como este filme poderia ser se soubesse trabalhar plenamente todo o seu próprio potencial. E não pode-se deixar de destacar um problema que vemos desde o primeiro filme: Se tem pouca noção de como é Wakanda na prática. Não temos maiores detalhes de sua estrutura de funcionamento e a relação entre os cidadãos. Aqui, quando ela passa por uma gigantesca invasão, não a sentimos acontecer, apenas lugares aleatórios passando por aflições. Não nos sentimos comovidos pois não há nenhum civil ali do qual nos aproximamos mais.