The Flash | Crítica

The Flash já está disponível em todos os cinemas brasileiros.

Filme não tem medo de escancarar os próprios defeitos e é disposto a provar que eles são impedem na diversão.

Que o universo de filmes da DC é problemático, todos sabem. Se não fosse pelo peso daqueles personagens na cultura pop, provavelmente este seria um universo há muito esquecido – como o de monstros da Universal, pro exemplo. Faltou parcimônia, cadência e zelo desde o início. A diretoria problemática da DC dentro da Warner criou um universo retalhado e Frankenstein. Ou seja, não sabia se assumia as características mais “sombrias” e “pé no chão” que envolviam a DC ou se entregavam mais à galhofice que bruxuleia ao redor das produções da Marvel.

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Com James Gunn assumindo o controle, Flash prometeu ser um recomeço para o universo da DC, validando certas coisas e recomeçando outras. O fato é que além de validar todos os filmes que já existiram envolvendo produções da DC, FLASH não conseguiu mostrar quais serão os próximos passos.

The Flash

Previsível desde os trailers, o filme começa com mais um dia com membros da Liga da Justiça combatendo o crime. Aqui não vemos nada de novo. Nem nas perseguições do Batman de Ben Affleck ou no modo como a velocidade do Flash de Barry Allen deixa tudo em câmera lenta. O que realmente chama a atenção aqui é a péssima qualidade do CGI. Não tem como imaginar que tenha sido revisado antes de ir para o produto final. Chega a ser de mal gosto. Aparecem bebês que fazem o bebê de CGI do capítulo final da saga Crepúsculo parecer uma obra de arte. Em um filme de animação seria inaceitável, em um live-action então chega a ser ofensivo.

Motivado a alterar o passado para salvar a vida de sua mãe e limpar a barra de seu pai que foi acusado injustamente de assassinato. Então, Barry Allen – Erza Miller – decide aproveitar sua habilidade em voltar no tempo para resolver a situação. Assim como pode-se ver na animação Flashpoint, as coisas dão errado, embora talvez de forma bem menos épica e dramática.

Apesar de conseguir cumprir seus objetivos, Berry acaba indo parar em uma realidade em que se confronta consigo mesmo. Ou seja, mais novo e sem poderes, prestes a ter que lidar com a invasão do General Zod, porém desta vez aparentemente sem a presença de um Superman.

BATMAN

Então, começa-se a busca por encontrar o Bruce Wayne e o Clark Kent daquela realidade. O Batman daquele universo é o de Michael Keaton, cuja cena inicial poderia estragar o seu retorno ao papel, não fosse a capacidade do ator de segurar o papel. A sequência ainda nos rende uma explicação sobre a lógica do multiverso. Até parece uma paródia das formas variadas e criativas da Marvel de trabalhar a questão.

Se humor envolvendo o Batman – que foi acertadamente mostrado como uma figura sombria no início deste universo em Batman vs Superman – desagradou muitos, como este que vos fala, o filme fez questão de nos lembrar deste fato mais de uma vez, o que serviu de exemplo de como The Flash não temeu assumir as próprias tosquices de seus filmes antecessores e demonstrou como o carisma dos seus interpretes pode fazer com que o universo compartilhado de filmes da DC possa ser considerado com saldo positivo.

O Barry/Flash de Erza Miller continua forçado e irritante como sempre. Porém o roteiro conseguiu dar profundidade suficiente aos seus dramas para que nos importemos com ele. Erza até conseguiu convencer nos momentos mais emocionais e pesar mais a balança a seu favor. O mesmo não se pode dizer de coadjuvantes cujas atuações e falas parecem vir de um roteiro incapaz de saber como seres humanos normais agem. Erza não é um bom ator de comédia e quando rimos é mais das situações que o envolvem do que de suas piadas.

Michael Keaton agrada mais do que se esperava, estando totalmente à vontade no papel mesmo depois de tantos anos. Uma agradável surpresa foi a Supergirl de Sasha Calle. Foi convincente no papel, além da ajuda do roteiro que soube utilizá-la nos momentos certos e da forma certa.

Ação e Fan service?

Outro ponto alto do filme são as sequências de ação. Existe muita sinergia nas transições de sequências que trabalham as tarefas individuais ou mútuas entre a equipe de protagonistas, muito evidente no jogo de câmeras que viaja entre os pontos do campo de batalha no terceiro ato do filme.

Quanto ao tão esperado fan servisse, pode-se dizer que ele está ali e deve agradar muito aos fãs de carteirinha da DC. Embora pode-se sair com um gosto de “poderia ser melhor” já que a ideia de multiverso trabalhada no filme abre um leque de possiblidades que pode pesar para lados muito subjetivos. Em outras palavras, algumas participações especiais poderiam ser inseridas no terceiro ato e seriam muito bem-vindas.

The Flash conta com um clima muito de filmes dos anos noventa (De Volta para o Futuro). Ou seja, em arcos de heróis de quadrinhos no geral quando o protagonista entra em uma enrascada existencialista. Além disso, correr contra o tempo para que sua vida volte ao normal. É um plot poderoso no qual nos faz imaginar naquela situação e correr o risco de perder a nossa vida como ela é.

Ao final a trama é básica e bem amarrada e, embora o filme possa ser um pouco descompassado entre a aventura e o mundo que rodeia o protagonista, o saldo é positivo. Mesmo que jogado na nossa cara de forma definitiva, tudo que os fãs reclamam ao longo de dez anos de DCU.