Um Contra Todos | Review do 1º episódio da 4ª temporada
A realidade do crime no Brasil é algo que o cinema tupiniquim sempre abordou. Principalmente quanto à realidade da periferia do Rio de Janeiro e a luta diária dos policiais. O auge de qualidade e sucesso talvez seja Tropa de Elite. Os dois filmes dirigidos por José Padilha, porém, se assemelham em ritmo narrativos a filmes como os da trilogia Batman de Nolan.
Um Contra Todos, porém, segue um apelo mais dramático e um roteiro menos funcional do que os filmes e séries brasileiras sobre a violência. Um Contra Todos é uma história de origem de um homem jogado em um mundo violento e acaba ascendendo em seu meio a trancos e barrancos, enquanto sua vida pessoal e seu trabalho criminoso se confrontam entre si.
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O protagonista Cadu é o típico homem normal que através das adversidades aprende mais sobre si mesmo e adota uma nova postura em um meio ao qual não é acostumado. Porém, mesmo vítima das adversidades, ele não se nega a fazer o que deve ser feito para concluir seus serviços e encontrar a paz. A atuação de Júlio Andrade lembra muito a de Al Pacino tanto em nos permitir conhece-lo melhor aos poucos – Poderoso Chefão – como no modo em que não se abstêm de curtir os prazeres que sua vida criminosa lhe fornece – Scarface.
Cadu é um homem rumando a uma posição de poder, com um mentor do crime preparando-se para tomar o seu lugar. Como vemos nas cenas do presídio quando Cadu vai visitar seu sogro e este lhe diz como ele deve lidar com os desafios de liderar um cartel criminoso. Muito semelhante às reuniões que o Michael Corleone de Al Pacino tinha com o Vito Corleone de Marlon Brando.
Os demais atores parecem saber o que seus papéis lhe pedem tanto em momentos calmos como os de tensão. Vale ressaltar a parte de Silvio Guindane que em seu curto – mas importante no roteiro – momento, mostrou um grande talento e controle de personagem. Assim como Roberto Birindelli, cujo discurso não só fez uma homenagem clara a Marlon Brando em Poderoso Chefão, como apresentou o cerne motivador em histórias de crime: a Pax Romana.
O termo, que significa “Paz Romana” veio do país a que se refere e significa a paz através do controle do poderio de armas, dinheiro e homens. Nas histórias de máfia ou de gangue, todos os chefes chegam onde chegaram através de estratégias violentas mas quando atingem o topo, querem permanecer ali de forma pacata. E para isso deixam claro a sua influência para barrar os demais que querem desbanca-lo como ele o fez outrora. Algo muito discutido no principal filme de Francis Coppola.
A outra história que nos é apresentada, a de sua ex mulher Malu, interpretada por Julia Lanina, é mais sutil. Ela faz fisioterapia para voltar a caminhar normalmente, enquanto tenta administrar garotas de programa sem deixar que sua condição debilite sua liderança ou sua visão de si mesma.
Apesar do primeiro episódio da quarta temporada ter momentos muito bons, não foge da previsibilidade e os momentos de atuação fraca de alguns atores menos importantes, auxiliados por um roteiro que destaca os pontos importantes e ignora os momentos auxiliares, deixam a desejar. Porém o futuro da série é promissor e se apresenta como um ponto fora da curva ao se aproximar mais do estilo hollywoodiano de contar histórias e mereceu as categorias de premiação em que concorreu.