Barbie | Crítica
BARBIE É UMA SURPRESA ÁCIDA E DIVERTIDA PARA A REFLEXÃO SOBRE IGUALDADE.
Nunca se espera que um filme sobre um brinquedo popular te faça refletir sobre diversas questões sociais. Barbie é exatamente o resumo da frase anterior e quando você pensa no quanto isso pode parecer excêntrico, a ideia por trás da surpresa se torna ainda mais interessante e divertida.
O longa dirigido por Greta Gerwig vai além da simples adaptação para um live-action. Uma ode à longa história da famosa boneca que realmente mudou o modo como meninas do mundo inteiro brincavam e passaram a se ver como mulheres. Embora em algumas versões estereotipadas, como a própria versão de Margot Robbie no filme. A Barbie passou por diversas mudanças ao longo das décadas para atender as mais diversas parcelas de consumidores bem como suas filosofias e estilos de vida.
Mas além disso, a boneca em si é uma representação clara sobre o que uma mulher deve ser perante a sociedade. Com suas diversas profissões e qualificações representadas em todas as coleções já lançadas. Pelo menos é como deveria ser, e aqui no Mundo Real, diferentemente da Barbielândia, as coisas são completamente diferentes.
Humor Ácido e Sútil
Barbie, através do humor ácido e sutil, apresenta diversas nuances sobre a vida das mulheres. Ou seja, em um mundo infeliz que as enxerga como objetos ou com estereótipos de comportamentos que o movimento feminista vem tentando quebrar há décadas em busca de direitos equiparáveis aos dos homens que tem como blindagem a sociedade construída e controlada por eles mesmos.
O Ken de Ryan Gosling é a própria visão distorcida mas ao mesmo tempo clara dos impactos negativos do patriarcado sobre a vivência das mulheres. Ao que na Barbielândia ele simplesmente passa por situações que uma mulher passa constantemente no nosso cotidiano e não deveria. Bem como ele sofre e se questiona antes de tomar as atitudes que podemos ver ao longo da história diante do questionamento de seu ego ferido, algo que todos nós sabemos muito bem como funciona.
E acompanhando a visão descontraída do selvagem e ignorante Mundo dos Homens, o consumismo vazio se torna alvo constante da mensagem proposta por Gerwig. Se firma como uma das diretoras mais competentes e promissoras da atualidade. Sua direção conduz toda a história a momentos em que, apesar de boas risadas e piadas inteligentes estarem presentes, a reflexão toma conta da audiência ao simplesmente notar-se o quanto todas aquelas situações são ridículas quando vistas de uma perspectiva externa. É uma risada no rosto e uma ideia na cabeça.
Barbie é com certeza uma produção que surpreende pela sua isca de fofura e mundo cor de rosa, funcionando como um Cavalo de Troia. Ou seja, ideológico e reflexivo, chamando atenção pela brincadeira mas no fim entregando uma ideia a ser desenvolvida de um mundo igualitário e justo para homens, mas principalmente seguro e sadio para as mulheres.