Furiosa – Uma Saga Mad Max | Crítica
FURIOSA capricha no conceito, peca na execução e finge ser mais interessante do que de fato é.
| A Primeira Profecia – Crítica
É sempre bom testemunhar quando um criador é apaixonado por sua criação. E é evidente a paixão de George Miller pela saga Mad Max. Pois somente um aficionado pode dar uma riqueza de detalhes a uma história e ainda contar a história em si com excelência. Vide a Terra-Média.
Mad Max – Estrada da Fúria é considerado por este que vos fala e por muitos outros como uma obra prima. A trama desenhada com maestria mesmo com poucos diálogos, a produção preenchida por cenas de ação geniais tanto na idealização como na execução.
Um filme caprichado consegue se promover em si mesmo. Cada detalhe do cenário é capaz de contar uma parte da história quase numa sensação em terceira dimensão. Cada armadura da Terra-Média conta algo sobre o povo que a detém, cada planta em Pandora tem suas características próprias. E, a menos que você tenha o padrão de excelência da saga Avatar, o capricho acima citado é melhor atingido com trabalhos físicos do que digitais. E este talvez seja um dos maiores problemas de Furiosa – Uma Saga Mad Max.
Excesso de Chroma Key / Personagens
O uso de tela verde salta aos olhos contornado as personagens e isto chega a ser afrontoso considerando que o último filme foi quase todo feito em efeitos práticos extremamente convincentes. É como se George Miller confiasse mais na tecnologia atual e sentisse mais segurança em utilizá-los. E, de fato, é possível se atingir um nível quase perfeito de CGI, desde que tenha o dinheiro, recursos e capacidade técnica de James Cameron. Às vezes, o melhor efeito computadorizado é aquele que passa despercebido.
Quanto aos personagens do universo de Mad Max, eles sempre conseguiram ser um pouco caricatos. Mas de uma forma muito crível e que combinava com a realidade em que estavam inseridos. O mesmo não pode ser dito desta vez no que toca a Chris Hemsworth e seu Dr. Dementus. É tão forçado que mais parece uma paródia do que deveria ser um vilão à altura da saga. O personagem chama o filme para si e não convence com o que apresenta. Ainda mais com um nariz grande e muito mal feito que só piora a sua situação. Sua periculosidade está mais na capacidade dos seus recursos e pessoal do que nele em si.
A Furiosa de Anya Taylor-Joy cumpre o seu papel demonstrando determinação e resiliência mesmo falando muito pouco. Dá para ver ali o que se tornará a Furiosa que conhecemos em Mad Max – Estrada da Fúria. Só que com menos carisma.
Repetição …
Os demais personagens são simplesmente instrumentos do roteiro que levam a história de um ponto a outro. E esses pontos são insistentemente repetitivos. A guerra entre os povos do deserto faz com que Furiosa vá de uma parte a outra do mapa repetidamente, dando a impressão que a história não avança. Como eu disse, impressão. A historia avança sim, porém em uma constante geográfica limitante e repetitiva. Mas aparentemente George Miller é tão apaixonado por sua criação, que estava muito convencido de que os lugares onde a história se passa são interessantes. Após Mad Max – Estrada da Fúria, queremos saber mais sobre a realidade daqueles personagens. E aqui temos isso, porém de forma menos convincente.
Em suma …
De fato, parece que o que tem de mais empolgante em Furiosa são os momentos alto referenciais, até mesmo nas cenas que acompanham os créditos, que fornecem uma grande vontade de conferir o filme anterior ao que acabamos de assistir.
Apesar do CGI estragar um pouco a experiencia, as cenas de ação continuam inventivas – embora menos do que seu antecessor – e muito funcionais, sendo uma destas sequências em alto nível e atingindo o ponto alto do filme. Uma pena que o que tinha tudo para ser uma das melhores cenas tenha sido picotada e acelerada. Ou seja, dar mais tempo a um clímax tedioso, inexplicavelmente longo e que quando se vai não se justifica.
No fim, Furiosa – Uma Saga Mad Max pode ser muito interessante aos fãs da franquia, mas seja uma experiência morna aos novos consumidores, devido a aprofundar de forma pouco convidativa o seu próprio universo e falhar tanto tecnicamente com efeitos visuais como em não aproveitar o potencial dos próprios personagens.
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