Os Eternos | Filme se perde de várias formas
OS ETERNOS
Todo o grande potencial do filme é perdido de várias formas diferentes.
Os Eternos prometeu revolucionar o universo Marvel e realmente o faz, porém de forma preguiçosa. Se Vingadores Guerra Infinita e Vingadores Ultimato tivessem tido o mesmo nível de grandiosidade que tiveram, mas cujas interligações causais entre os acontecimentos fossem frouxas, os filmes não teriam o mesmo impacto que tiveram para a história do cinema. E é isso que faltou para Os Eternos: desenvolvimento satisfatório.
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O longa conta a história de uma raça alienígena criada pelos Celestiais. Seres tão gigantescos que fazem a Terra parecer uma bolinha de golfe e que dão a ordenança de destruição e criação que rege o Universo – e que está na Terra desde os primórdios, ajudando a humanidade a evoluir, sem interferir diretamente na história. E assim, através de flashbacks, acompanhamos a equipe e a relação de seus indivíduos em várias civilizações ao longo da história. E isso abre um leque para grandiosos momentos, mas o filme decide ir pelo lado da simplicidade, deixando de lado seu potencial épico.
Os Eternos protegem a humanidade dos Deviantes, monstros místicos que são predadores alpha e que acabariam facilmente com a Terra. E assim chegamos aos dias atuais, onde a equipe está dividida ao redor do globo vivendo suas vidas infiltrados entre os humanos. Porém, provavelmente os estalares de dedos em Vingadores Ultimato pode ter acelerado o processo de despertar de um Celestial e isso pode causar a destruição total da Terra.
E assim acompanhamos ao longo de mais de duas horas e meia heróis se reunindo novamente para salvar a Terra. E o modo como isso avança é arrastado e a impressão que temos é que o filme não emplaca até o final, o que é um pecado num filme tão comprido.
As relações entre os membros é bem trabalhada, mas eles são tão pouco carismáticos e interessantes, que nem mesmo as piadas (geralmente sem graça, repetitivas e fora do tom) e principalmente seus dramas pessoais, não sejam o suficiente para que nos importemos com eles. Os Deviantes são inimigos absolutamente genéricos e as cenas de ação, talvez por isso, ficam muito abaixo do esperado. Eles são não conceitualmente inimigos interessantes o suficiente para que a abordagem das diferenças entre os poderes dos membros dos Eternos seja orgânica como poderia ser.
O grande elenco é muito mal aproveitado. Mas as maiores decepções com certeza são a Thena de Angelina Jolie e o Ikkaris de Richard Madden. Angelina fica o tempo todo apagada e quando esperamos que vá compensar isso, não tem oportunidade. A diretora Chloé Zhao pareceu tomar a decisão de que Richard Madden é muito parecido com o Henry Cavill, então o forçou a atuar como Henry o filme inteiro, além de fazer menções diretas e indiretas ao Homem de Aço nos filmes de Zack Snyder. Só que essas “homenagens” são totalmente sem brilho.
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O filme é todo pautado em diálogos pouco convincentes, além de expositivos. Este último é até compreensível dado o largo escalonamento conceitual que este filme acrescenta ao universo Marvel e sua quantidade de protagonistas, mas a diretora pareceu ignorar totalmente qualquer traço de carisma e fluidez.
Os Eternos se apropria de um conceito grandioso aliado a um elenco de primeira linha e bate tudo isso no liquidificador e vomita em tela de forma chata e arrastada. Dizem que a crítica tem avaliado o filme mal por ser “diferente” dos demais filmes da Marvel, sendo que não o é. Toda a fórmula Marvel está ali, só que espaçada por lacunas de defeitos grosseiros que vão desde o CGI muito aquém do padrão Marvel a mudanças globais que parecem não afetar ninguém na Terra porque aparentemente simplesmente o roteiro se esqueceu disso.
Caso este filme não fosse da Marvel, seria apenas mais um blockbuster feito para ser descartável e esquecido. Sem dúvida, Os Eternos se beneficia – muito – do universo ao qual é inserido. Sendo, aliás, o mais fraco dos mais de vinte que compõe o MCU.
E sim, o filme de elenco de todas as partes do mundo, comete o pecado de colocar brasileiros falando espanhol.
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