Missão Impossível: Acerto de Contas – Parte 1 | Crítica
Missão Impossível: Acerto de Contas – Parte 1 já está em cartaz nos cinemas.
Apesar de não explorar tanto o próprio potencial, filme consegue entregar com eficiência o que promete.
Se você consumiu alguns filmes de ação dos últimos vinte anos e conhece como são os filmes de ação de Tom Cruise, você já assistiu a este filme. No geral, os filmes desta saga costumam entregar ação de alto nível em um roteiro acima da média. E somado isto à carisma/eficiência física de Tom Cruise, o lucro de bilheteria e bons olhos da critica é certo.
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Na trama deste Missão Impossível, Ethan Hunt quer impedir que uma Inteligência Artificial capaz de se infiltrar e alterar qualquer sistema cibernético do mundo caia em qualquer tipo de mãos. O diferencial deste plot é justamente o uso da I.A como um perigo grande. Imprevisível e que é o grande assunto em pauta no momento, em que cada vez mais as Inteligências Artificiais podem fazer as coisas mais incríveis que se possa imaginar.
Clichê?
Se o filme se dispusesse a trabalhar melhor todo o potencial de sua própria história, estaríamos testemunhando um filme-evento. Mas o filme decide jogar pelo campo seguro e clichê.
E quando eu digo clichê, é clichê MESMO. Espião afastado – Tom Cruise – tem de voltar à ativa e se esconder até mesmo de seu próprio governo. Ou seja, em busca de uma dupla de chaves capazes de controlar um artefato tecnológico que pode controlar o mundo. Coloque belas mulheres e um vilão russo caricato e temos o plot perfeito de um filme antigo do 007. Mas estamos falando de Missão Impossível que é mais sutil quanto a seus personagens e sempre tendeu a ter cenas de ação mais rebuscadas. Embora nem tanto comparando os últimos filmes de James Bond com os últimos filmes de Ethan Hunt.
Elenco
Tom Cruise é mesmo que já conhecemos: carismático, convincente, corre para todo lado e se nega a usar dublês. Grace – Hayley Atwell – é uma ladra profissional que entra por acaso – ou não – no caminho de Ethan. Parece não ter noção do jogo perigoso em que está embarcando. Ela nos lembra muito o que conhecemos como a Mulher-Gato para o Batman. A bela mulher que está entre vilã e anti-heroína em que o herói luta para leva-la para o lado do bem. Porém, ela só quer limpar a própria barra a qualquer custo enquanto é usada pelo vilão.
A Ilsa de Rebecca Ferguson é funcional, assim como o alívio cômico de Simon Pegg encarnando Benji Dunn e a autoridade experiente de Ving Rhames como Luther Stickell. Vanessa Kirby, ótima atriz como é, sempre parece conseguir acrescentar uma camada a mais à sua superficial Alanna. Paris de Pom Klementieff rende bons momentos de luta e é um contra-ponto aos caras grandes que geralmente são os principais capangas dos vilões. Por falar em vilões, nada pode ser aproveitado quanto a Esai Morales em seu Gabriel. Apesar do roteiro e as sequências de ação tentarem fazê-lo convincente não há ali uma real ameaça física ou intelectual perante o protagonista, fazendo com que ele seja apenas um recurso da Inteligência Artificial que ele defende.
Em suma …
Os vários cenários utilizados ao redor do mundo não são justificáveis e ao invés de darem um teor de imprevisibilidade à IA, parecem apenas fornecer cenários jogados que poderiam ser absolutamente quaisquer um. A tão divulgada cena de Tom Cruise pulando a montanha de moto e abrindo um paraquedas por pouco não foi forçada e levou a uma cena de conveniência de roteiro que abaixou não só o patamar deste filme como da saga como um todo.
No fim, Missão Impossível: Acerto de Contas – Parte 1 pode ter deixado a melhor forma de explorar a própria problemática para a parte 2 e consegue entregar um feijão com arroz que nos deixa satisfeito, embora gourmetizado e que já comemos melhores.