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Tipos de Gentileza | Crítica

Tipos de Gentileza – Um compilado de Yorgos!

| Entrevista com o Demônio – Crítica

O diretor Yorgos Lanthimos traz em Tipos de Gentileza três histórias de temática similar, mas independentes uma da outra. Um homem com um chefe que exige trabalhos absurdos. Um policial que recupera a sua esposa após um acidente, mas que retorna diferente. E uma mulher em uma busca implacável por uma pessoa específica capaz de realizar o extraordinário.

Sinopse

Uma fábula tríptica que segue um homem sem escolha que tenta assumir o controle de sua própria vida. Um policial que está alarmado porque sua esposa desaparecida no mar voltou e parece uma pessoa diferente. Uma mulher determinada a encontrar alguém específico com uma habilidade especial, que esteja destinado a se tornar um prodigioso líder espiritual.

O elenco se repete e o filme se alonga

Muitos podem talvez achar estranho o fato de Yorgos usar o mesmo elenco para contar as suas três histórias, mas isso é bastante comum em produções/séries antológicas. Aqui, porém, em formato de filme, essa dinâmica é interessante e bem utilizada pelo elenco que se mostra eficiente em diferentes papéis de diferentes personalidades e arcos, mas que para o filme em si pode ficar um pouco cansativo.

E cansativo não só pela longa duração de 2 horas e 44 minutos, mas porque nenhuma das três histórias consegue fluir de maneira muito natural. Apesar de impressionarem e conseguirem transmitir uma mensagem que leva à reflexão do telespectador, a impressão de ter saído de uma sessão tripla de cinema existe, e não são todos que aguentam.

Tipos de Gentileza - Crítica

Parte do motivo da falta de fluidez mencionada parece ser um vício do diretor com seus artifícios técnicos, sendo a trilha sonora o que mais incomoda. Em Pobres Criaturas, a trilha sonora cumpriu uma função, apesar de deixar bastante a desejar. Aqui, esse recurso parece ter se tornado apenas irritante mesmo, ao passo em que é difícil decidir se o filme fica menos denso de ser assistido no absoluto silêncio, ou com a trilha sonora descompassada e desconexa que o filme apresenta.

(Falta de) Contexto

Sendo três histórias em uma, é justo comentar brevemente sobre como elas se desenvolvem dentro do tempo que o filme disponibiliza para cada uma delas. E a resposta é: pouco. As três histórias são intrigantes. Com universos que teriam potencial para serem até mesmo três filmes separados (o que teria sido uma opção muito melhor, aliás). Mas, ao optar por uni-las em um único longa-metragem, limita fatores como o desenvolvimento dos personagens, o qual fica muito decente por conta do texto e do elenco que soube aproveitar cada minuto desde gesto e expressões que transcendem as próprias falas, mas que poderia ser melhor trabalhado.

A construção de mundo é um fator que fica claramente defasado, deixando a impressão de “sonhos sem início”. Como explicado por Christopher Nolan em A Origem (2010), onde o telespectador não consegue entender como a situação de uma história chegou ao ponto de partida apresentado, ou o motivo de alguns personagens agirem da forma vista no filme. Tudo fica bem executado, mas sem a profundidade que poderia ter. Nesse caso, volto a reafirmar que isso dificilmente aconteceria com três filmes separados.

É inegável que esse filme tem muita coisa a dizer. De fato as histórias são boas, mas questiono aqui fortemente a forma como elas foram contadas.

Tipos de Gentileza estreia dia 22 de Agosto nos cinemas.

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