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Top Gun Maverick é incrível e de tirar o fôlego

Quase ninguém realmente sentia falta de uma sequência para Top Gun: Ases Indomáveis, mesmo este sendo um dos maiores clássicos dos anos oitenta. O estilo filme-show de naves e a baixa profundidade dos personagens e o drama raso; são características que dificilmente funcionariam em um filme hoje em dia, considerando o senso crítico apurado do grande público atualmente. Porém Top Gun: Maverick consegue melhorar seu antecessor, superá-lo, mostrar-se um dos maiores eventos cinematográficos dos últimos vinte anos e surpreender o mundo inteiro.

| Maverick Top Gun Race

Na trama, Maverick (Tom Cruise) é um Capitão de Mar e Guerra condecorado por seu rendimento em confrontos militares mas que; devido à sua constante insubordinação, não conseguiu chegar ao Almirantado. Ele é um piloto de teste da Marinha, o que nos rende um espetáculo visual logo nos primeiros minutos, colocando os dois pés na porta.

Quando Maverick está prestes a perder sua licença para voar, é convocado à instrutor dos doze melhores formandos do curso Top Gun para uma missão que apenas um piloto de caça como Maverick poderia ensinar. (Este timming perfeito não é ignorado no filme). O problema é que Maverick assumidamente não tem o perfil de professor, e o embate entre as normas regulamentares de ensinos aviadores-navais; o modus operandi/personalidade de nosso protagonista e o que a missão requer, logo entra em cena e permeia o filme inteiro.

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Enredo que te conquista

O que divide a qualidade dos filmes não é, geralmente, a raiz de seu roteiro ou como este se liga à direção, mas sim como o cerne da produção se amarra aos demais elementos, o que abre leque para inúmeras variantes. Um bom exemplo que é muito importante para nós entendermos o plano para que a missão dos aviadores seja realizada e muitas vezes maquetes e explicações puras e simples podem deixar o filme demasiado explicativo. Mas quando você insere momentos práticos entre cada explicação e a dificuldade em cada momento da tarefa, é possível unir o útil ao agradável e o público entende o que deve entender e o filme não fica moroso. É exatamente o que acontece em Top Gun: Maverick.

E o conjunto de boas decisões ocorrem ao longo do filme inteiro, em diferentes áreas. E o micro e o macro de tudo que o filme pretende atingir é feito sempre com bom senso. A cena inicial do bar pode demonstrar exatamente o que seria isso. Maverick reencontra uma mulher com quem se relacionou e que pode vir a ser importante no filme, enquanto somos apresentados aos pilotos da missão na cena. Um deles é Rooster, o filho de Goose, o parceiro de voou/melhor amigo de Maverick no primeiro filme e que morre devido a uma fatalidade. Em poucos minutos, somos apresentados a vários elementos do filme, mas sempre de forma orgânica.

Pouco CGI, bastante ação

A princípio, o pouquíssimo uso de CGI e a utilização prática dos aviões nos coloca para dentro da ação como Mad Max: Estrada da Fúria nos colocou nas perseguições no deserto e como Creed nos inseriu para dentro dos ringues de boxe. E saber que tudo isso é possível graças a tecnologias que na época dos filmes originais dessa franquia não eram possíveis, aumenta a sensação da positiva passagem de tempo e da homenagem.

Homenagem essa que consegue ser diretamente visual com uma breve cena do primeiro filme ou simplesmente em menções. Nostalgia e emoção permeiam Top Gun: Maverick, não só em caracterizações de personagens, fotos, aviões; como também na grandiosa homenagem que faz a Val Kilmer – sendo a cereja do bolo – e na trilha sonora.

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A trilha sonora completa o espetáculo, usada pontualmente, aumenta as sensações do que estamos vendo. Não apenas auxiliando, mas completando em si mesma, sendo mais uma forma de tato genial do diretor Joseph Kosinski.

E falando em direção, aqui vemos o que um grande diretor pode fazer. Joseph fez um trabalho completo colocando grandes personagens numa trama envolvente com cenas de ação de tirar o fôlego. Ou seja, a pouca gravidade e a falta de urgência no primeiro Top Gun, são substituídos aqui por um filme que; por mais agradável e leve que seja, jamais esquece a pressão que constituiu em si mesmo.

Elenco

Nesse ínterim, Tom Cruise, que sempre se entrega ao máximo em seus papéis, aqui nos fornece um Maverick que ainda tem a postura confiante que o personagem tinha quando jovem no primeiro filme, porém marcado pelos traumas do passado e muito mais prudente. Em seguida, Miles Teller, sempre ótimo em cena, não desaparece perante os confrontos ante a um ator do nível de Tom Cruise; conseguindo em alguns momentos se projetar para cima dele com naturalidade e segura o drama da produção para cima do seu personagem com mãos de aço.

Ao mesmo tempo, Jennifer Connelly entrega uma Penny Benjamin independente, forte e que sabe como apoiar Maverick nos momentos difíceis e que faz muito mesmo com um pouco menos de tempo em tela do que deveria. Jon Hamm foi a escolha certa para ser o Almirante Cyclone. O ator traz aqui a postura rígida de chefe que tinha em Mad Men para o cargo de Almirante, sendo implacável para cima de Maverick. Outro que chama muita atenção é Glen Powell, como tenente Hangman, que lembra muito ao próprio Maverick no primeiro Top Gun.

Nostalgia satisfatória

Se o filme tem algo negativo, seria o pouco tempo de tela que dá para às pausas de tirar o fôlego entre um acontecimento grandioso e outro. Se o filme desacelerasse mais entre um momento frenético e outro, com certeza tiraria gritos do público.

Em tempos de filmes feitos a toque de caixa, sempre pensando em como podem não ser cancelados por tudo, com CGI a todo momento; Top Gun: Maverick nos traz o blockbooster raiz com nostalgia, trama envolvente, personagens carismáticos e cenas de ação de tirar o fôlego. Assim também, vale cada centavo assistir ao filme em IMAX e julgo que pode ser uma experiência que você nunca irá esquecer. Top Gun: Maverick é para Top Gun o que Creed é para Rocky, além de ser um dos melhores filmes dos últimos vinte anos e reacender a chama do que um grandioso filme pode acometer a quem está assistindo.

Em suma, vale mencionar que é considerável quase impossível e seria muita injustiça se acontecesse, desse filme não ganhar nenhum Oscar. Música original para a criada por Lady Gaga, a indicação deve acontecer, assim como Oscar de efeitos sonoros pelas performances com os aviões e eu diria que melhor edição/montagem é quase certo de vencer já que a colagem dos atores nas cabines com os voos sendo executados é incrível. Sendo assim, agora sabemos porque este foi adiado pela pandemia; merece ser assistido por todos sem culpa ou erro, pois é uma experiência pronta para a tela grande.

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