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Halloween Ends | Um acerto com suas falhas

Já está disponível nos cinemas o filme Halloween Ends, que traz o combate final entre Michael Myers e Laurie Strode (Jamie Lee Curtis). Se você não se lembra, Halloween (2018) começou uma nova trilogia criada por David Gordon Green, que ignora todas as sequências lançadas anteriormente, trazendo sua história 40 anos após o clássico Halloween – A Noite do Terror (1978).

| Mais que Amigos – Um filme mais que necessário

A franquia conta com 12 filmes, desde o primeiro lançado em 1978, pilar para gênero slasher, até a nova trilogia iniciada em 2018 e finalizada com Halloween Ends (2022).

UM SETEMBRO AMARELO EM OUTUBRO

No início do filme presenciamos uma cena que deixa seus rastros durante todo o longa, estes podem acabar com a vida de uma boa pessoa.

Corey (Rohan Campbell) acidentalmente mata uma criança ao prestar serviço de baby-sitter para uma família na cidade de Haddondfield. Após o incidente, mesmo sendo declarado inocente em seu julgamento, o garoto vê sua vida mudar completamente sendo necessário se excluir de tudo e todos.

Tentar viver sua vida não é uma tarefa fácil para ele, uma vez que acaba sendo apontado como assassino/pedófilo por todos de sua cidade. Tais atitudes afetam cada vez mais Corey e sua saúde mental. Então, em um ato de coragem de encarar os próprios medos e bater de frente com os problemas, o jovem passa por uma mudança drástica em sua personalidade e toma atitudes inesperadas.

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O ator Rohan me surpreendeu com seu papel e atuação muito crível. Ele vai de um bom garoto a um surto psicótico em segundos e convence em cada expressão. Ao mesmo tempo que você sente pena por tudo o que ocorre com o personagem, você fica com medo e jamais chegaria perto dele. Com isso, traçamos uma paralelo delicado e muito real com os dias atuais. O filme nos mostra de forma clara, como uma sociedade nefasta pode transformar uma pessoa bondosa em um monstro. Muitos não aguentam a pressão de serem julgados e/ou oprimidos e, assim como Corey, age drasticamente.

Antes que esse texto seja interpretado como carta branca para atrocidades, fica aqui o convite para o exercício da empatia e de não medir a atitude do outro com a nossa própria régua moral. No caso de Corey, apesar de toda violência e sombra tomada pelo personagem, fica evidente a origem e os motivos dessa contaminação.

E o Michael Myers?

Halloween Ends não perde a essência do gênero terror/slasher. Nos deixa satisfeito com todas as mortes apresentadas e todo sangue jorrado durante a matança a lá Michael Myers. Porém, com a finalização do nosso imortal mascarado, nos questionamos: CADÊ O MICHAEL MYERS???

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O assassino tem pouco tempo de tela, deixando todo o foco para um novo aprendiz que segue com a chacina, apenas preparando para o terreno para o tão esperado confronto final. Assistir a um filme do Halloween e não ter o homem de dois metros perseguindo os personagem não tem graça. O estagiário de Myers faz um ótimo trabalho como vilão, traz uma performance incrível e perturbadora durante todo longa mas, ele não é o Michael Myers.

Com uma pegada, talvez, sobrenatural, é como se Myers transferisse sua alma (ou seu ódio) para outra pessoa e fica de stand-by até os minutos finais do filme.

O filme é bom?

Halloween Ends entrega tudo o que a galera que curte o gênero ama: o sadismo de assistir muitas mortes, sangue jorrando, terror e um suspense que nos prende e traz aquela agonia para o que está por vir. Como cereja desse bolo embolorado, temos um assassino mascarado tacando o terror sem se preocupar com o dia de amanhã, deixando as pessoas com medo de ouvir o seu nome.

Desta forma, David Gordon Green não falha na criação de um terror/slasher entregando todos os elementos necessários. Pode-se dizer então, sim, o filme é bom para quem o vê despretensiosamente, apenas por gosta de assassino à solta descobrindo o sabor em matar cada vítima. Contudo, o longa falha como finalização para o personagem mais temido dos filmes de terror. Myers carrega o medo em seu nome por muitos anos e em um filme que marca o ato final da franquia, tratá-lo de maneira em que ele sequer aparece acaba sendo um grande erro para os fãs.

Não é negar a sua aposentadoria, mas também não tratá-lo como coadjuvante em seu próprio show, no qual fechamos as cortinas tristes!

Texto: Rafael Silva
Revisão: Bruna Coutt

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