One Piece | Uma boa adaptação?

One Piece, baseada no famoso anime homônimo e era uma das produções mais aguardadas da Netflix pelo público em 2023. Mas, como qualquer outra adaptação, fica o questionamento: “foi uma boa adaptação?”. Uma pergunta que não é simples de ser respondida. Uma vez que diferentes públicos vão certamente ter diferentes impressões sobre essa nova série original Netflix.

| 3ª temporada ‘ De Volta aos 15 ‘

Colocando na balança

Antes de tudo, é preciso pontuar alguns aspectos gerais que chamam atenção, tanto positiva quanto negativamente. O primeiro, e talvez o melhor, a se falar é em relação ao elenco. Os cinco diferentes protagonistas conseguem se vender de maneira crível, verdadeira e autêntica, como um grupo de desajustados dispostos a cooperar para a realização individual de cada um. E não, eu não estou falando de Guardiões da Galáxia.

Mas ao passo em que a escolha de elenco foi sublime, a atuação, por melhor que seja, fica presa a um roteiro extremamente engessado e caricato. Fator que não atrapalharia em nada a narrativa caso a série de fato abraçasse o seu lado lúdico. Contudo, há momentos cômicos na série que destoam dos temas mais sérios que a série tenta trazer, porque em quase nenhum momento a transição é feita de maneira natural. Isso quebra parte da história e esvazia algumas mensagens que se tenta passar.

Com uma verborragia de frases de efeito repetitivas, a motivação do protagonista se desgasta ao ponto de se tornar obsoleta para a temporada em si. Artifício que funciona quando no formato anime, mas que, para a adaptação live-action da Netflix, torna o roteiro previsível. Há também uma falta de urgência gritante. Um obstáculo que não foi superado, e, com isso, a empolgação e a incerteza para com os riscos corridos pelos personagens é praticamente nula.

Efeitos

Os efeitos especiais realmente impressionam. São lindos e bem executados para as criaturas fantásticas vistas nesse mundo. A edição que conecta arcos do passado e do presente de personagens em diálogos encaixados sob medida é crucial para evidenciar o desenvolvimento dos protagonistas de maneira simples e bem executada. A trilha sonora característica engaja e funciona, mesmo que não sendo marcante, o suficiente para cumprir seu papel seja na ação, seja no drama.

Dito isso, quando se retoma a pergunta feita no ínicio, a resposta seria: “depende”. Para um fã da obra original, provavelmente a série vai ser um grande acerto da Netflix, uma vez que a produção faz uso de vários artifícios de um anime para se construir, e que vão agradar os fãs do gênero. Porém, para o restante do público, eu apostaria em uma opinião mais dividida, uma vez que esses mesmo artifícios não funcionam tão bem para a série, a qual não soube adaptar o estilo, como Michael B. Jordan fez lindamente em Creed III ao se inspirar em vários animes para dirigir seu primeiro filme.

A primeira temporada de One Piece conta com 8 episódios e já está disponível na Netflix.