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Morte Morte Morte | Suspense e uma genZ

Morte Morte Morte (Bodies Bodies Bodies) é o novo filme da Sony Pictures com a A24. O filme mira nos gêneros terror/slasher, mas acaba entregando um suspense cômico que zomba da geração Z.

| Mais que Amigos – Um filme mais que necessário

Estrelado por Amandla Stenberg (O Ódio que você Semeia), Maria Bakalova (Borat 2), Myha’la Herrold (Industry), Rachel Sennott (Shiva Baby), Chase Sui Wonders (genera+ion), Pete Davidson (Saturday Night Live) e Lee Pace (Pushing Daisies). Sendo assim, o filme acompanha um fim de semana entre amigos que, numa noite, decidem jogar um jogo de assassinato chamado ‘bodies bodies bodies’.

Regras do jogo: São sorteados papéis entre os participantes, um será o assassino e os demais vítimas. Ao apagar as luzes todos devem transitar pelo local para fugir do assassino, e o assassino para “matar” alguém, precisa apenas encostar o dedo em uma das vítimas, que precisa deitar ao chão fingindo estar morta. Quando alguém encontra a “vítima morta”, as luzes se acendem e eles entram em debate para descobrir quem é o assassino.

Muito parecido com aquele jogo que alguns chamam de detetive, né?

Um filme de geração Z para (não necessariamente) geração Z

A saber, a geração Z compreende as pessoas nascidas entre 1995 e 2010, podendo variar um pouco de estudo para estudo. De modo geral, os zoomers formam a primeira geração de nativos digitais, ou seja, pessoas que nasceram em um mundo em que o uso da internet já estava popularizado, bem como smartphones, videogames e computadores mais velozes. Isso significa que a principal característica da gen Z é justamente a sua íntima relação com a tecnologia. Então, são pessoas que já não conseguem imaginar viver num mundo em que todas as coisas não estejam conectadas em um ambiente online e com troca instantânea de informações.

Dito isso, em Morte. Morte. Morte. somos apresentados a um típico e caricato grupo de amigos da gen Z. Uma galera que é viciada em suas redes sociais, ligada aos tiktokers que desfrutam uma vida de luxo. No filme é nítido que esses adolescentes gostam de curtir e fazem o que for necessário para fazer o momento valer a pena.

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Amandla Stenberg (Sophia) e Maria Bakalova (Bee)

No longa, Sophia (Amandla Stenberg) já passou por alguns perrengues e agora está em fase de recuperação e decide ir curtir com seus amigos. Então, leva sua nova namorada Bee (Maria Bakalova) para conhecer a sua galera.

Bee é a representação do estranho. Uma pessoa tímida, sem vício em redes sociais ou vontade de status, que destoa dos demais. Então, essa personagem é a que mais desperta empatia, pois seu incômodo e estranheza serve de lente para o público que está, aos poucos, conhecendo quem é quem nessa história. É claro que Bee, como qualquer adolescente nessa situação, precisa ceder para se sentir inclusa. Sendo assim, é justamente esse descompasso que mantém o público em situação de alerta para os próximos acontecimentos.

| Sorria – Terror perturba com o sobrenatural e a mente

Aparência é o suficiente!?

Temos uma história que se desenvolve de forma rápida e apresenta os personagens de forma diferente. Então, ao invés de nos apresentar ao elenco no primeiro ato, vamos conhecendo cada um no decorrer do filme e quando as coisas vão ficando cada vez piores.

Logo, com todos os assassinatos ocorrendo, o grupo de amigos vai se rebelando e aqueles que pareciam ser best friends começam a se estranhar e conhecer os pensamentos mais obscuros de cada um. O mapa de personagens trabalhado durante o filme é um acerto, pois expõe todas as relações superficiais e mostra que, na verdade, todos ali apenas se toleravam.

O filme retrata um pouco da nossa realidade onde a cada dia o conteúdo das coisas ou das pessoas perde cada vez mais valor. Então, a aparência vem ganhando cada vez mais espaço no mundo digital. Você pode ter 0 conteúdo, mas se a sua aparência (ou apenas aparentar algo) estiver dentro de um padrão x, você sai na frente de muitas pessoas que tem o conteúdo necessário, mas não se encaixam.

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Todos os personagens possuem as suas histórias, as suas dificuldades e eles pouco se importam com o caráter ou o interno de cada um. Então, eles se preocupam apenas com aparência, status e com o que cada um pode agregar.

Em pleno século XXI, ano de copa e eleição (ok, parei). Atualmente muitos influencers  ganham absurdamente mais do que diversas pessoas formadas em diversas áreas. Sim, existe muito digital-influencer que ganha muito dinheiro e que se analisarmos, possuem zero conteúdo.

Slasher, slasher, slasher?

A galera que se amarra em um terror slasher já possui os seus filmes favoritos e muitas vezes buscam semelhanças nos novos lançamentos. Sendo assim, Psicose, Freddy Grueger, O Massacre da Serra Elétrica e até mesmo Halloween são os títulos mais conhecidos e que trazem uma bagagem da linguagem do gênero para as telonas.

No entanto, Morte Morte Morte se distância dos grandes títulos. Traz uma grafia slasher bem fraca em comparação aos clássicos que já conhecemos, o que pode gerar frustração em quem espera muito sangue ou mortes bizarras.

Em suma, Morte Morte Morte nos deixa com sede de terror, mas nos traz um suspense que provoca a nossa curiosidade com esse jogo de assassinato e claro, em querer descobrir quem realmente é o assassino (a). Então, uma galera viciada em tecnologia, leiga em diálogos e estúpida nas ações nos faz entrar no jogo nos tornando detetives para desvendar o caso.

Os últimos dois minutos vai te deixar boquiaberto. Ao mostrar como tudo começou, você fica na dúvida entre aceitar o final ou: oh shit, é sério?!

Bodies, Bodies, Bodies, vamos jogar?

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