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The Batman | Crítica

Quando Ben Affleck abandou o projeto do filme The Batman para o universo compartilhado da DC, não houveram muitos protestos; já que o seu Batman estava inserido num ambiente muito problemático. Quando Matt Reeves chegou para o trabalho, o hype veio devido à excelente filmografia do diretor. Porém, com o anuncio que Robert Pattinson protagonizaria o filme, muitos – previsivelmente – torceram o nariz.

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Então, recebemos o primeiro trailer e, apesar da clara visão detetivesca e sombria propriamente da essência do Homem-Morcego; houve críticas quanto à escolha criativa do design do uniforme do herói. Já vou adiantando que o uniforme é muito bonito, apesar de quando visto de lado, a proporção do capacete seja estranha. E Gotham City, muito semelhante aos games da série Arkham, está muito boa.

The Batman - Crítica - Pipocando Noticias - Robert Pattinson

The Batman

The Batman é assumidamente noir desde os seus primeiros minutos, quando aborda uma Gotham sombria ao som das conjecturas de Bruce Wayne. Da mesma forma, já deixa claro o nível de violência que vai ter: intensa, mas não além do que a sugestão permite. Sabemos que os golpes que Batman dá nos capangas causam muito sofrimento, mas somos indicados a isso invés de testemunhar visualmente.

As investigações iniciais são aquelas típicas do Batman que vemos nos inícios de filmes e desenhos: o crime organizado, mais centrado nas famílias mafiosas. Até que, como de costume, algum vilão propriamente dito roube a atenção do protagonista. Aqui, a máfia e a aparição de Charada (Paul Dano) se interligam fortemente através do Pinguim de Colin Farrell. O problema é o modus operandi do Batman, cujas habilidades de detetive são absurdamente amadoras mesmo para um detetive calouro; pois mesmo o sendo, aparentemente é muito útil para o Departamento de Policia de Gotham City. O conhecimento científico-forensi do Homem-Morcego é superficial e seu raciocínio lógico parece ser sempre ajudado pelo roteiro.

Outro problema com a forma como o Batman de Robert Pattinson trabalha é a escolha pura e simples de ir de peito aberto atrás de seus inimigos, abrindo mão totalmente das técnicas stealth. Muitos justificam isso com o fato de Bruce Wayne estar apenas em seu segundo ano de operações como vigilante mascarado, mas isso não serve como explicação já que, se ele se entregando a tiros de fuzil não há risco evidente dele se ferir, não há porque ele aprimorar suas habilidades furtivas.

The Batman - Crítica - Pipocando Noticias - Robert Pattinson

Promessas …

As cenas de ação por muito pouco não ficaram demasiado cortadas e o plano muito próximo dos acontecimentos. É frustrante presenciar perseguições de carro de tirar o fôlego com um enquadramento perto dos veículos. Mas o filme, sempre brincando com a sugestão, prepara coisas grandes, não as entrega e quando estamos perto de nos decepcionar, promete mais outra. E isso serve para as cenas de ação e para o filme como um todo.

Próximo das cenas finais é de se esperar que as mais de duas horas de investigação, descobertas e idas e vindas entregasse algo realmente à altura da essência da produção, talvez no formato de algum plot twist. Mas, novamente, tal plot twist fica apenas no mundo das ideias, já que não há de fato uma relação de momentos do filme que culminassem em um clímax interessante. No fim das contas, se o Batman não fosse tão amador e lembrasse de olhar embaixo de um tapete, muita coisa teria sido evitada.

The Batman - Crítica - Pipocando Noticias - Robert Pattinson

E as atuações?

Quanto à atuação de Bruce Wayne, Robert Pattinson consegue entregar muito mais atuação apenas com o olhar sob a máscara do que todos os Batmans anteriores juntos. O seu Bruce Wayne praticamente não existe, mas isso faz sentido com o enredo. O ator fez grandes papéis e mostrou porque foi escolhido. A Mulher Gato de Zoe Kravitz está na medida certa e ela e o protagonista tem muita química. Mas o maior defeito do filme com certeza é a forçada de barra que faz para a relação do Batman e Mulher-Gato, chegando a entregar uma cena constrangedora no final.

Paul Dano é muito esforçado e brilha nos momentos certos como Charada, embora as escolhas de roteiro que envolvem seu personagem e suas motivações não consigam convencer. O Pinguim de Colin Farrell rouba a cena e o ator demonstra um grande talento mesmo por baixo de toda aquela maquiagem – digna de Oscar. Jeffrey Wright e Andy Serkis são, respectivamente um Jim Gordon e Alfred que conseguem cumprir seus papéis eficientemente como personagens auxiliares que ajudam a mover a trama.

The Batman - Crítica - Pipocando Noticias - Robert Pattinson

Pra finalizar …

A trilha sonora, sempre muito presente, deixa claro as inspirações góticas de Matt Reeves ao colocar mais de uma vez Ave Maria e Something In The Way. Matt Reeves conseguiu exprimir sua visão para este filme e todo o seu universo. Faltou um maior trato com os elos que ligam os acontecimentos e o final que abandona o desenvolvimento investigativo e abraça um lado mais épico, imagino ter sido pressão da produtora para não distanciar a produção demais do estilo de filmes de herói. E este momento de virada poderia ser muito mais emocionante, surpreendente e justificável.

Em suma, The Batman é um filme com personalidade feito por mãos competentes e tinha a faca no queijo na mão, não posso deixar de mencionar, para ser ligado ao filme Coringa de Joaquim Phoenix. Seria um júbilo ver ambos juntos se enfrentando. Quem sabe um dia, de alguma forma surpreendente?

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